Allegationes
As Allegationes (Alegações) são um pequeno escrito de Francesc Eiximenis em língua latina datado entre 1398 e 1408 e escrito em Valência. O erudito Albert Hauf transcribiu e editou este opúsculo em 1986.[1]
Origem[editar]
Entre 1398 e 1408 houve na cidade de Valência uma disputa entre a jurisdição civil e eclesiástica. A origem da disputa em concreto foi sobre o foro dos clérigos. O Justícia do Reino de Valência mandou desarmar aos clérigos que chevabam armas públicamente. O bispo de Valência, Hug de Llupià (íntimo amigo de Eiximenis, quem lhe tinha dedicado o seu Pastorale), exigiu que os clérigos foram julgados pelo foro eclesiástico, e pediu também que se lhe entregassen as armas retiradas a estes clérigos. Também houve outra questão entre o Maestro da Ordem de Montesa e o rei de Aragão. Para resolver todos estes conflitos, se recurriu à arbitragem de dezesseis pessoas importantes do Reino, a majoria juristas, mas também algumos eclesiásticos, como Eiximenis. A parte deste ditame de arbitragem correspondinte a Francesc Eiximenis (que deve ser anterior a 1409, ano da sua morte), é o que conhecemos por Allegationes.[2]
Conteúdo[editar]
Este escrito é chave para conhecer as ideias teocráticas de Eiximenis. A argumentação que da aqui Eiximenis se repite com fraqüência noutras partes da sua obra, onde justifica a teocracia papal, como nos capítulos 75-81 e 234 do Primeiro Livro do Crestià, ou a quarta parte (capítulos 396-466) do Duodécimo Livro do Crestià.
Entre os argumentos e autores que cita, podemos destacar os seguintes:[3]
- A bula Unam Sanctam (Uma Santa) do papa Bonifácio VIII.
- De consideratione (Sobre a consideração) de São Bernardo de Claraval.
- De sacramentis (Sobre os sacramentos) de Hugo de São Vitor.
- Liber de personis ecclesiasticis (Libro das pessoas eclesiásticas) de Isidoro de Sevilha.
- A Doação de Constantino.
- O canonista Henrique de Susa (mais conhecido como o cardeal Hostiense, ou simplesmente o Hostiense) em diversas obras.
Ao final, para corroborar a sua argumentação, conta cómo todos aquelos monarcas que têm atacado e perseguido á Igreja, têm acabado mal, como dando a entender que Déus lhes tem castigado. E poe ao final um monarca ao qual êle lhe tem especial animadversão em toda a sua obra, Frederico II de Hohenstaufen. Não obstante, o tratamento que faz deste monarca é sempre muito delicado, pues os reis da Coroa de Aragão eram os seus descendentes depois do casamento de Constança da Sicília, neta sua, com Pedro o Grande.
Edições digitais[editar]
Referências
- ↑ Hauf, Albert. “Les Allegationes de Fra Francesc Eiximenis, O.F.M. sobre la jurisdicció i el poder temporal de l’Església”. Estudis de Literatura Catalana en honor de Josep Romeu i Figueras, II. PAM. 1986. 5-33. (em catalão) (em latim)
- ↑ García y García, Antonio. “Relaciones entre la Iglesia y el Estado en Valencia a principios del siglo XV”. Escritos del Vedat, IX. 1979. 235-46. (em castelhano)
- ↑ Brines, Lluís. La Filosofía social y política de Francesc eiximenis. Sevilla. Ed. Novaedició. 2004. Pp. 515 ss. (em catalão)
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