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Geocomunicações

Fonte: EverybodyWiki Bios & Wiki

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Ontologia e epistemologia do campo[editar]

O termo Geocomunicações (originado do termo Geocommunication em inglês ou Geokommunication em dinamarquês) foi apropriado (em português) pelo comunicólogo Antônio Laranjeira, na dissertação intitulada A comunicação dos mapas (2019) na qual o autor trata de uma investigação sobre aspectos filosóficos, sociológicos, geográficos e comunicacionais das plataformas Google Maps e OpenStreetMap. Esta investigação é atualmente a única do Brasil na lista internacional de pesquisas sobre o tema.

O termo Geo-communication, citado pela primeira vez em inglês pelo geógrafo e comunicólogo Lars Brodesen, em sua tese intitulada Geo-communication and Information Design (2008) que serviu como premissa para uma definição deste subcampo científico nutrido pelos usos e regulações de diferentes modelos de sistemas de informações geográficas oferecidos via o ambiente de convergência entre a web e o GIS - em outras palavras, a geoweb.

Conceitos para análise da comunicabilidade dos mapas online[editar]

Fundamentado em teorias da Espacialidade e da Cibercultura, a dissertação apresenta uma leitura original sobre três conceitos que orientam a metodologia comparativa do estudo sobre os mapeamentos colaborativos. São eles: 1) colaborações de André Lemos (colaboração em rede e colaboração em massa), 2) territorialidades de Rogério Haesbaert (territorialidade espacial e territorialidade informacional) e 3) visibilidades de Paulo César Gomes (possibilidades de múltiplos mapas em múltiplas escalas de zoom digital).

Esta pesquisa que "delimitou" pela primeira vez campo das Geocomunicações está fundamentada na teoria da produção do espaço (Henri Lefebvre), no método de análise espacial dialético (Milton Santos) e na metodologia experimental de comparação de mapas online (Antônio Laranjeira).

Métodos na pesquisa em Geocomunicações[editar]

A distinção entre as correntes científicas que usam o termo Geocomunicação e o termo Geocomunicações se faz essencialmente pelo método. Enquanto o primeira corrente se propõe a pensar os usos e regulações de apenas uma plataforma de mapas virtuais, a segunda corrente compara os usos e regulações em duas plataformas e pressupõe que existem nestas técnicas de cartografia digital uma dupla tendência, a horizontalização e a verticalização das representações socioespaciais através do GIS.

O método que produz o fundamento do campo das Geocomunicações alicerça um pensamento latino-americano sobre a globalização dos mapas virtuais por empresas, governos e cidadãos de modo diferente e integrado pelos territórios do planeta.

Metodologia de comparação de mapas online[editar]

Ficheiro:Análise dos contrastes cartográficos em Google Maps e OpenStreetMap.png
Análise dos contrastes cartográficos em Google Maps e OpenStreetMap. A primeira análise comparativa realizada por um habitante do território julgou que além dos lugares que constrastam existem lugares invisibilizados na representação de ambas plataformas de GPS.

Esta metodologia tem três passos que buscam aferir de modo quali-quanti sobre os "contrastes cartográficos" na representação de um território.

Basicamente comparam-se dois mapas de um mesmo território em uma mesma escala de zoom digital escolhida conforme a demanda da pesquisa.

1. Coleta das colaborações

O primeiro passo recorre à coleta das colaborações, ou seja, a escolha de um determinado recorte para a pesquisa (local ou regional) com objetivo de comparar as representações em duas ou mais telhas (ou frames) em escalas cartográficas fixas. Nesta pesquisa utilizamos da plataforma alemã Geofabrik e a ferramenta de pesquisa online Map Compare (Comparador de Mapas). Após o print-screen da comparação começam as análises dos frames.

2. Análise das visibilidades

O segundo passo é a análise quanti das formas estruturadas que são visíveis no mapa classificando os dados entre "símbolos" ou "nomes", ou seja, não considerando aspectos como cores, apenas os elementos que comuniquem, conforme Juan Díaz Bordenave, os objetos utilizados ou desutilizados de um território em estudo comparado.

3. Análise das territorialidades

O terceiro passo é a análise quali das funções processadas (conforme a imagem) que são enunciadas por estas formas estruturadas quantificadas anteriormente. Podemos com isso classificar os lugares, vias ou áreas (quantificados a partir de nomes e símbolos) como "políticos", "econômicos", "sociais" e "culturais", não considerando as intersecções possíveis - como sociocultural ou sociopolítico - considerando portanto a função que prevalece no cotidiano conforme o ponto de vista do pesquisador, constituído pelo senso do "nível espacial", conforme definiu Merleau-Ponty, entre a presença e a pertença ao território (ou loco) da pesquisa ou ação.

Horizontalização e verticalização[editar]

Este método dialético de estudo da representação geoespacial de uma sociedade considera três fatores-chave:

1) se o território está mapeado de modo que horizontaliza ou modo que verticaliza as informações para todos que podem acessar o mapa online de um mesmo território,

2) se o mapeamento foi uma ação ou uma atividade, partindo de voluntários ou funcionários

3) se todos os lugares, vias e áreas usados no cotidiano estão representados neste recorte partindo do senso do habitante, quem melhor conhece as dinâmicas locais.

Ficheiro:Resina contraste acesso 18 de novembro de 2018.jpg
A pesquisa pela Resina, Sergipe foi feita em novembro de 2018 quando o OpenStreetMap apresentava diversas informações de lugares, vias e áreas do povoado e o Google Maps não.

Com o propósito de desenvolver uma metodologia de análise para orientar aqueles que ambicionam “analisar, refletir e agir na relação entre a cidade, os mapeadores e os mapas online”, o autor empreende uma análise comparativa entre as plataformas Google Maps e OpenStreetMap – orientado pela preocupação com a comunicabilidade dos mapas – e leva a efeito um estudo sobre os mapeamentos online do centro urbano mais moderno do município de Cachoeira, no estado da Bahia, com o projeto de Extensão MapaRec, mas podemos falar de diversos outros casos de ação cooperativa, como o povoado de quilombolas do Povoado Resina, no município de Brejo Grande, no estado de Sergipe.

Paradigma das Geocomunicações[editar]

No entanto, somente o habitante, e não o visitante, é quem pode reconhecer o cotidiano de um território, oferecendo informações para um mapa global sobre a qualidade dos seus dados. Nenhum autômato é capaz de conhecer o território usado pelas diversas redes humanas e suas dinâmicas com a natureza.

Estudos com comunidades ribeirinhas, amazônicas e de favelas comprovam que existem distinções entre a informação geográfica produzida por voluntários (VGI) e a informação geográfica proprietária (PGI). Esta distinção crítica tem como ponto de partida o método comparativo.

Dicotomias dos mapas online[editar]

Por isso mapeamentos horizontalizadores tendem a ter sido processados por metodologias empoderadoras, que dão voz e ouvem os habitantes, porém servem, na maioria das vezes, para estrangeiros, em outras palavras aqueles que desconhecem o território e que são, na maioria dos casos, os que demandam dos mapas no cotidiano para mobilidade.

Por sua vez a verticalização tende a processar metodologias desorganizadoras, que dão prioridade para lugares econômicos e políticos em relação aos lugares culturais e sociais. A exemplo dos becos, vielas, feiras livres, camelôs, trilhas, hidrovias, ocupações, etc.

Causas de contrastes cartográficos[editar]

O que Milton Santos conceitualmente denominou como "circuitos inferiores" e "circuitos superiores", na Geografia Crítica, se reproduziu na análise da comunicabilidade dos mapas online comparados nos territórios de Cachoeira-BA, Xapuri-AC, Complexo do Alemão, Rio de Janeiro-RJ.

Nestes três casos a representação dos circuitos superiores locais supera as dos inferiores para os mapas do Google Maps e o inverso ocorreu nos mapas do OpenStreetMap. Isso atesta que as VGI são horizontalizadoras porque são processadas por uma ação cartográfica - construída com base no olhar do habitante - e as PGI são aqui atestadamente verticalizadoras, porque são processadas por funcionários em um atividade cartográfica.

Esse debate está aberto às novas metodologias de pesquisas de dados mas sobretudo desafia a sociedade brasileira a pensar de modo autônomo, crítico, organizado e localizado sobre a "corrida infoespacial" que estas plataformas de mapas virtuais vivem e qual delas oferece mais vantagens competitivas para cada território na época que vivemos, a chamada Quarta Revolução Industrial.

Desafios das Geocomunicações[editar]

Landpage do Curso de Produção de Cartografias e Análise de Mapas Online. A capacitação 100% online visa ampliar o domínio de gestores, profissionais e cidadãos de todos os níveis de escolaridade falantes da língua portuguesa.

A produção de cartografias e a análise dos mapas online são portanto dois lados de uma questão contemporânea a ser respondida de modo interdisciplinar e dialógico, ensinando a todos a ler, escrever e interpretar mapas conforme a realidade local, por mediação de uma prática pedagógica crítica, conforme a teoria de Paulo Freire.

Geografia, Computação e Comunicação utilizam das informações geoespaciais (os nossos rastros de GPS e as bases de mapas online) e o tema tem se tornado a fonte para ideias inovadoras na cidade e no campo.

A educação para Geocomunicações tem demandado a profissionalização de analistas e técnicos e para isso o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados fornece um curso online (MOOC) para quem deseja aprender como "dominar o GPS" e fazer os próprios mapas, sejam eles públicos ou privados, para fins pessoais ou coletivos.


  1. Laranjeira, Antônio Heleno Caldas (25 de fevereiro de 2019). «A comunicação dos mapas : estudo comparado das plataformas Google Maps e OpenStreetMap» 
  2. «Geo-communication and information design - A viewpoint regarding the content architecture of geo-communication, regarding the requirements and potential for reaching agreement on case and location as the basis of decisions based on a phenomenological, communicative, semiotic and rhetorical foundation | Lars Brodersen». ResearchGate (em English). Consultado em 31 de agosto de 2019 


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