Gira da Tabatinga
Gira da Tabatinga | ||
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Pronúncia: | Cuete: "kuete": "cara", "sujeito". | |
Outros nomes: | língua do negro da costa | |
Falado em: | Cidade de Bom Despacho | |
Região: | América do Sul | |
Total de falantes: | 20 pessoas (aprox.) | |
Posição: | 180° do Brasil | |
Família: | Subsaariana Gira da Tabatinga | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | --
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ISO 639-2: | ---
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A gira da Tabatinga é uma língua afro-brasileira, de origem predominantemente banto. Em extinção, é falada em parte do município de Bom Despacho, estado de Minas Gerais, Brasil, por moradores residentes na periferia da cidade, no bairro chamado Ana Rosa (antigo Tabatinga).
A Gira (ou gíria) da Tabatinga é denominada "Língua do Negro da Costa", pela professora Sônia Queiroz, que publicou o livro Pé preto no barro branco (1998), talvez a principal obra de referência sobre esse dialeto, e também por outros estudiosos.
Segundo a professora, "o uso do dialeto se dava em função da necessidade de comunicação entre escravos que, vindos de pontos diferentes da África, eram misturados nas senzalas. Para sua sobrevivência, desenvolveram, então, um dialeto próprio, que lhes servia de instrumento para o diálogo e, ao mesmo tempo, de afronta aos patrões brancos”.
A gira ocorre sobretudo na forma oral. No entanto, além dos registros realizados em 1998, têm surgido alguns usos escritos do dialeto, entre eles o livro Sumidouro das Almas, de Jorge Fernando dos Santos, no qual o personagem Nonô Carvoeiro utiliza palavras e expressões da Tabatinga.
Até recentemente, sua maior falante chamava-se Maria Joaquina da Silva Dona Fiota, ou Fiotinha, tida pela comunidade como a grande representante da língua. Em 2006 foi criada a Associação Quilombola Quilombo dos Carrapatos, que desenvolve atividades para o registro e a preservação desse patrimônio linguístico ameaçado.
Dona Fiota faleceu em 3 de fevereiro de 2012. Seu maior falante atualmente, portanto, é Marquinhos Bacará, cujo pai, o Bacará, participou do livro Pé Preto no Barro Branco, de Sônia Queiroz, como um dos entrevistados.
Exemplo de poema em Gira da Tabatinga (Língua do Negro da Costa):
A koxypa das orygens nos deu vida. Fale bayxo prá não atrapalhar. O kuete e a okaya ali no mato. O kuete e a okaya rasta pro sengue prá curiá, prá curiá. Sou cuetyto da cydade. Vago entre as moças desnudas de Klimt. Queria as paisagens esfumaçadas de Turner. Queria ser Zeus, chuva de ouro! Se a imbera tá caxano. Não dá vontade de ynjyrar do esquife. Eu tenho saudades da minha mingüe avura. Tenho saudades do gato preto de Poe.
Autor: Lúcio Júnior Fonte: Usina de Letras
Ver também[editar]
- Cupópia - Língua do Cafundó, língua quilombola do interior de São Paulo
- Língua calunga de Patrocínio - MG
Ligações externas[editar]
- Boletim da UFMG sobre a Língua da Tabatinga
- Página comunitária de Bom Despacho sobre a língua da Tabatinga
- Artigo do MG Quilombo sobre Fiotinha e a língua da Tabatinga
- Entrevista com Dona Fiota, uma falante da LNC.
- Artigo A língua Calunga de Patrocínio
Outros artigos do tema Linguística : Lista de nomes portugueses, Grau comparativo, J, Nome artístico, Línguas sagradas do candomblé, Língua mazateca, Discussão
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