Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio
O Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio é um agrupamento folclórico fundado em 24 de Junho de 1936 pelo Dr. Gonçalo Sampaio, um dos mais conhecidos e um dos mais populares da Música Regional Portuguesa.
História[editar]
Foi precisamente no dia 24 de Junho de 1936 que o Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio teve a sua primeira actuação em público. Viviam-se as festas sanjoaninas na cidade de Braga.
"Grupo Regional do Minho" foi a primeira designação da colectividade, “mas, passado um ano e após muita insistência, o doutor Gonçalo Sampaio aceitou ceder o seu próprio nome na condição de que fossem respeitadas todas as regras de rigorosidade no que respeita às tradições”.
Três eventos estiveram na origem da criação do grupo: o mais remoto foi o Cortejo Etnográfico de Barcelos, ocorrido no ano de 1932. Os outros dois mais directamente ligados foram a a Romagem Nacional à Batalha e o espectáculo comemorativo do 20.º aniversário do Theatro Circo, ocorridos em 1935. Uma parte deste espectáculo ocorrido no Theatro Circo, ao qual assistiram vários membros do governo e outras ilustres personalidades, foi preenchida com cantares populares confiada à orientação do Dr. Gonçalo Sampaio que, devido à sua idade avançada e à sua precária saúde, contou com a colaboração do professor Mota Leite.
O sucesso da iniciativa acalentou ainda mais o sonho de Gonçalo Sampaio em formar um grupo folclórico. Foi ele próprio que incentivou o professor Mota Leite a proceder à recolha de danças, cantares, trajes e quaisquer outros motivos tradicionais de toda a região do Baixo Minho com interesse para a futura constituição do desejado grupo folclórico.
Ainda com a designação antiga de "Grupo Regional do Minho", foi o 1.º grupo folclórico a actuar na rádio portuguesa, mais precisamente na Emissora Nacional, num programa dedicado em absoluto ao Folclore do Baixo Minho, apresentado por Fernando Pessa, onde estrearam o seu 1.º sucesso, o "Fandango Minhoto". Pouco tempo depois, a "Lisboa Filme" convidou o grupo a gravar o tema para cinema, num filme de propaganda com o nome da canção, tornando-se no 1º grupo folclórico a aparecer no 1º ecrã em Portugal.
Em 1940, o Grupo gravou alguns dos seus temas na Emissora Nacional, sob a orientação de Armando Leça, a propósito de uma iniciativa da Comissão Executiva dos Centenários, com o objectivo de radiodifusão regular na estação oficial. Essas gravações nunca foram transformadas em disco, curiosamente, e hoje encontram-se juntamente com 421 canções num total de 168 discos que estão hoje sob a guarda da Radiodifusão Portuguesa.
Em 1946, a "Valentim de Carvalho" convidou o grupo a gravar dois discos de 78 R.P.M. para a marca "His Master's Voice". Na sequência deste convite, foram registados em vinil "Um Fandango do Alto Minho", "Cana Verde", "Uma Desgarrada" e "Um Vira Minhoto", através de solos de elementos do Grupo Folclórico, sob a direcção do Prof. Mota Leite. Esses discos foram alvo de transmissões radiofónicas regulares na Emissora Nacional, e foram as 1ªs gravações comerciais do Grupo, seguindo-se em 1960 uma série de EP's gravados pela "Rapsódia", um EP gravado na "Orfeu", 2 EP's gravados na "Valentim de Carvalho", e um CD gravado em 1990 na editora "Metro-Som".
Na rádio, os seus êxitos mais conhecidos eram o "Malhão Minhoto", a "Gota Minhota", "Ora Bate Bate", "Pinta o Bago" ou "Cana Verde". Esta última seria arranjada pelo maestro Duarte Pestana em 1961, em número musical incluído no reportório do Coro e Orquestra da FNAT, e gravado pelo próprio no polémico EP "Angola é Nossa" da "Voz do Dono".
Teve alguns avanços e recuos no seu percurso, como muitos grupos folclóricos portugueses, mas o seu caminho continuou sempre intacto desde então.
Em 1952, assistiu-se à criação do Conjunto de Cavaquinhos Dr. Gonçalo Sampaio, que mantém ainda hoje uma agenda independente do grupo folclórico, e gravou em 1987 um LP para a "Rapsódia".
Em 2013, inauguraram o Museu do Traje, onde desenvolvem a sua actividade - incluindo os ateliers de formação - e brindam o público com o seu valiosíssimo espólio.
Nos dias de hoje, o grupo é constituído por pessoas de todas as idades, desde de adolescentes com 13 anos até pessoas mais velhas, com 70 anos.
Segundo Manuela Sá Fernandes, “Aquilo que nos distingue dos restantes é o nosso rigor. Somos extremamente rigorosos com a apresentação, com os trajes. Temos muito cuidado em garantir que levam as peças adequadas à sua descrição”.
Altamente conhecido e reconhecido em todo o País, o Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio é mais uma testemunha viva dos trajes e das cantigas de outros tempos, sendo hoje o representante principal da preservação do Folclore do Baixo Minho, recolhido pelo seu fundador, o Dr. Gonçalo Sampaio.
Discografia[editar]
- 1946 - "Um Fandango do Alto Minho" / "Cana Verde" (78 RPM, Shellac, His Master's Voice/Valentim de Carvalho)
- 1946 - "Uma Desgarrada" / "Um Vira Minhoto" (78 RPM, Shellac, His Master's Voice/Valentim de Carvalho)
- 1959 - "Um Vira Minhoto" / "O Regadinho" / "Gota Minhota" / "Ó Ferreiro" (EP 45 RPM, Vinil "EPF 5.020", Rapsódia Discos)
- 1959 - "Picadinho" / "Pinta o Bago" / "Ora Bate Bate" / "Lima" (EP 45 RPM, Vinil, "EPF 5.070", Rapsódia Discos)
- 1959 - "Chantes et Danses of Portugal" (O Regadinho; Um Vira Minhoto; Picadinho) (EP 33 RPM, Vinil, Compilação, "LDY 4150", Le Chant du Monde/França)
- 1960 - "Malhão Minhoto" / "Vareira do Mar" / "Cana Verde" / "Um Fandango do Alto Minho" (EP 45 RPM, Vinil, "EPF 5.041", Rapsódia Discos)
- 1960 - "Mocinhos de Agora" (Prof. Mota Leite) / "Vira da Aldeia" (Prof. Mota Leite) / "Verde Caninha" / "O Viradinho" (EP 45 RPM, Vinil, "EP-36", Clave)
- 1961 - "Vira das Cantigas" / "Verdegar das Aves" / "Malhão Trocado" / "Vira Espanhol" (EP 45 RPM, Vinil, "EP 37", Clave)
- 1963 - "Portuguese Folklore" (Um Vira Minhoto) (LP 33 RPM, Vinil, Compilação, "LDF 20.005", Rapsódia) (Reedição CD 1992, ECD 6, Edisco)
- 1968 - "Fandango Minhoto" / "Malhão Velho" / "Chula Nova" / "Vira Trespasssado" (EP 45 RPM, Vinil, Decca/Valentim de Carvalho)
- 1969 - "Folclore e Fado" (Malhão Velho / Vira Trespassado) (LP 33 RPM, Vinil, Compilação, "BE 04640164", A Voz do Dono/Valentim de Carvalho)
- 1973 - "Verdegar" / "Vira de Roda"/ "Malhão do Souto" / "Chula Velha" (EP 45 RPM, Vinil "ATEP 6088", Orfeu/Arnaldo Trindade)
- 1977 - "Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio" (LP 33 RPM, Compilação, "CR-509", Rapsódia/Edisco) (Reedição Cassete 1982) (Reedição CD 2003, ECD 220, Edisco) (Reedição MP3 2018)
- 1977 - "Folclore de Portugal (Vol. 5)" (Vareira do Mar) (LP 33 RPM, Vinil, Compilação, "LDF 028", Rapsódia/Edisco) (Reedição CD 2003, "Folclore do Minho", ECD 218, Edisco)
- 1987 - "Conjunto de Cavaquinhos Dr. Gonçalo Sampaio" (LP 33 RPM, Vinil, Album, "SDRL 17.535", Rapsódia/Edisco) (Reedição CD 2009, ECD 328, Edisco)
- 1990 - "Folclore Minhoto" (CD/LP 33 RPM/Cassete, Album, "CD 352", Metro-Som) (Disco a ser reeditado em breve)
- 2006 - "Folclore - Portugal a Cantar, Vol. I" (Malhão Velho) (CD Compilação, Vidisco)
- 2006 - "Folclore - Portugal a Cantar, Vol. II" (Fandango Minhoto) (CD Compilação, Vidisco)
- 2006 - "Folclore - Portugal a Cantar, Vol. III" (Chula Nova) (CD Compilação, Vidisco)
Referências[editar]
- MOTA LEITE, Joaquim Cândido, (obra póstuma), Danças Regionais do Minho, Braga, Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio, 1986.
- PIRES DE LIMA, Américo, «O Prof. Gonçalo Sampaio. Elogio histórico», in Anais da Faculdade de Ciências do Porto, tomo XXIII, Porto, Imprensa Portuguesa, 1938.
- Cancioneiro Minhoto, 3.ª ed., Braga, Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio, [1986], 1940.
- SUSANA SARDO, Música Popular e Diferenças Regionais, 2009. ([1])
- O COVIL DO VINIL, Apartado 4005 - E.C. Município, 4000-101 Porto
- Fonoteca Municipal de Lisboa ([2])
- Edisco - Empresa Editora e Distribuidora de Discos, Lda., Av. Lidador da Maia, 229 - 4425-116 Aguas Santas - Maia.
- METRO-SOM, LDA – EDITORA E DISTRIBUIDORA DE DISCOS.
- WWW.PAI.PT: [3].
- Blogue do Minho: [4].
- Arquivo Histórico da RDP
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