TV Tocantins (Marabá)
TV Tocantins | |
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RCR Rede de Comunicação Regional Ltda. | |
Cidade de concessão | Marabá, PA |
Canais 📺 | 10 (1983-1985) 7 (1986?-????) 10 (????-2015) analógico |
Rede | Rede Bandeirantes |
Fundação | 10 de março de 1983[1] |
Cobertura | Marabá e raio de 80 km[2] |
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A TV Tocantins foi uma emissora de televisão brasileira com sede em Marabá, no estado do Pará. A emissora era sintonizada no canal 10 VHF analógico e afiliada à Rede Bandeirantes. A emissora entrou no ar em 1983 e foi extinta em 2015.
História[editar]
A TV Tocantins entrou no ar em 10 de março de 1983 no canal 10 VHF analógico, sob comando do empresário e jornalista Paulo Alves Monção, que tinha como objetivo aumentar o jornalismo local e o entretedimento do povo.[1] No começo da emissora, só tinha dois telejornais locais (12h30min e 19h30min), enquanto o restante são as atrações da Rede Bandeirantes.[1] Foi a segunda emissora de televisão na cidade, que na época era apenas a TV Marabá no canal 2 VHF analógico.[1]
1985: Caso Robson Abade[editar]
No dia 23 de julho de 1985, o radialista, ex-investigador da Polícia Civil de Marabá e gerente da Companhia Expresso Mineiro Ltda., Robson José Costa Abade, foi ao programa local Jornal do Povo (transmitido ao vivo pela emissora à noite) apresentado por Vanderlan Gomes, acusando o político local João Chamon Neto (ou José Chamon Neto, vereador da cidade pelo PMDB e candidato a prefeito de Marabá) de roubar automóveis e ser contrabandista de armas, além de fazer críticas ao político, chamando-o de "ladrão".[3][4][5] A acusação do ex-policial contra o vereador de Marabá repercutiu localmente, sendo manchete nos dias seguintes tanto pelas rádios, TVs e jornais.
Dois dias depois, 25 de julho, foi a vez de João Chamon Neto aparecer na TV pra se defender das acusações do ex-investigador Robson José Costa Abade. No programa local apresentado pelo próprio na TV Marabá, rebateu todas as acusações do Robson Abade veiculadas na concorrente TV Tocantins dois dias antes.[4] O vereador João Chamon acusou Robson Abade de ter interrogado um ladrão que depois desapareceu em Marabá, após ter morrido em conseqüência da violência sofrida no interrogatório.[5]
Na noite do dia 26 de julho de 1985, Robson José Costa Abade voltou ao mesmo programa local Jornal do Povo na mesma TV Tocantins ao vivo,[3][4] para rebater a acusação de João Chamon Neto ter interrogado um ladrão que desapareceu em Marabá após sofrer violência.[5] Robson Abade levou documentos que comprovariam o envolvimento do vereador com roubo de carros e que circulava o carro Del Rey em Marabá roubado no Maranhão e que seu irmão Salvador Chamon Sobrinho (delegado de polícia na Serra Pelada) apreender 34 armas da polícia para depois vender-as ilegalmente.[6][7][8]
Enquanto Robson Abade exibia os documentos que comprovariam o envolvimento do vereador com roubo de carros e seu irmão delegado de polícia por venda ilegal das armas apreendidas, dois homens entraram no estúdio depois de arrombarem a porta da emissora, rendendo o apresentador Vanderlan Gomes e três operadores de câmeras. Uns dos homens que invadiram o estúdio foi reconhecido como o delegado de polícia Salvador Chamon, alvo das denúncias de Abade, enquanto outro homem não foi reconhecido.[3][4]
Enquanto Salvador Chamon Sobrinho apontava arma na frente contra o entrevistado e o desconhecido apontava arma na costa do apresentador, a dupla chegou a dizer que iriam matar os dois.[6][7][8] No entanto, após rápido bate-boca entre Chamon e Abade, a dupla de pistoleiros empurraram os operadores e a câmera caiu. Salvador Chamon deu tiro de pistola 7.65 no pé de Abade, enquanto seu comparsa arrastou a vítima até o corredor da emissora e em seguida Chamon deferiu outros cinco tiros que matou Robson Abade na hora,[6][7][8][9] todos presenciados pelo apresentador Vanderlan Gomes e os três operadores das câmeras. Vanderlan Gomes aproveitou os pistoleiros estarem fora do estúdio para fechar e trancar a porta, o que impediu a dupla continuar o crime. Sem consumar novas vítimas, a dupla abandonou o local do crime[3][4][6][7][8] fugindo de camioneta.[10]
Na TV, os telespectadores de Marabá puderam ver tudo ao vivo: Abade mostar ao Gomes os documentos que comprovariam o envolvimento dos irmãos ao crime; a invasão da dupla de pistoleiros no estúdio que rendeu o apresentador Vanderlan Gomes e três operadores de câmeras; a dupla a apontar armas contra o apresentador e o denunciante, que após rápido bate-boca entre Chamon e Abade, empurraram os operadores rendidos e a câmera caiu no chão, que registrou o primeiro tiro que atingiu o pé de Robson e em seguida a emissora saiu do ar.[4] Após a emissora sair do ar, vários telespectadores ficaram horrorizados por presenciarem o crime, ligando à polícia e aos meios de comunicações locais, repercutindo de imediato na cidade e chegando o conhecimento das emissoras de rádios e TVs no Pará para depois a notícia se espalhar em todo o Brasil. O noticiário foi parar em manchetes de jornais brasileiros no dia seguinte (27 de julho) tendo a repercussão internacional (28 de julho). O crime fez com que a cidade de Marabá ter manchete negativa ao público brasileiro devido casos de crimes não solucionados.
Com a repercussão em poucas horas, a Rede Bandeirantes (associada à TV Tocantins) disse ter as imagens do crime e as transmitirá no jornal da noite seguinte (27 de julho), mas o dono da estação paraense, o deputado Azi Mutran, disse que o câmera ficou apavorado e desligou o equipamento quando os dois assassinos invadiram o estúdio.[3][4] A Bandeirantes exibiu as imagens na íntegra e as distribuiu para outras emissoras no dia seguinte (28 de julho).
Em 28 de julho, a polícia de Marabá anunciou ter identificado o homem que ajudou Salvador Chamon a assassinar Robson Abade nos estúdios da emissora que aparecia nas imagens como Álvaro Luiz de Oliveira Ferreira, conhecido como "Ceará", após ser encontrada e apreendida a camioneta usada na fuga, na qual foram encontradas valises com roupas e documentos, nas quais pertenciam Álvaro Ferreira, o que ajudou na identificação.[10] A polícia acredita que ele possa estar refugiado na região, onde é conhecido e tem muitos amigos. O delegado Waldo Almeida não afasta a hipótese de os assassinos terem fugido para Goiás.[10] No mesmo dia, o governador do Pará, exonerou o policial Salvador Chamon da função como delegado na Serra Pelada e o policial Álvaro Ferreira como agente policial devido a repercussão nacional do crime feito por agentes de estado foragidos.
1985: Fechamento e prisão preventiva[editar]
Em 1º de agosto de 1985, funcionários da DENTEL retiraram do ar a TV Tocantins (Canal 10), sob ordem do diretor regional Dario Pinheiro. Segundo Dario Pinheiro, a portaria de outorga do Canal 10, peça inicial do processo para a legalização da emissora, "não foi concedida porque seus diretores não apresentaram a documentação completa". O diretor da emissora, Paulo Monção, disse que vai pedir ao ex-ministro Jarbas Passarinho que interfira junto ao Ministério das Comunicações para o restabelecimento da transmissão. Em junho, o DENTEL notificou a TV Marabá para que suspendesse as transmissões, mas a determinação foi ignorada.
Quase na mesma hora, o Juiz Eonildes Primo decretou a prisão preventiva dos acusados de assassinar Robson Andrade: o ex-delegado Salvador Chamon e o ex-agente policial Álvaro Luís de Oliveira (Ceará).[11] Com a repercussão do crime em todo o país e no exterior, os criminosos ficaram por meses foragidos e se apresentaram em Belém (capital do Pará) em uma data indeterminada depois de 1985, mas nunca foram condenados pela Justiça no Pará por serem réus primários e apresentaram diversos recursos pra não irem na cadeia, o que provocou certa indignação dos moradores de Marabá e os familiares de Robson Abade. Álvaro Luiz de Oliveira Ferreira, conhecido como "Ceará", desapareceu alguns anos depois.
1986: Volta da TV Tocantins[editar]
Em 1986, a TV Tocantins volta ao ar legalmente através no canal 7 VHF ao invés do canal 10 na mesma banda analógica.
1988: Venda da TV Tocantins[editar]
Em 7 de dezembro de 1988, a Família Multran, liderado por Nagib Multran Neto, compra 80% das ações pertecentes do empresário e jornalista Paulo Alves Monção.[1] Até então, Nagib Multran Neto detinha apenas 20% das ações compradas do sócio Ernani Braga em uma data indeterminada.[1] O empresário e jornalista Paulo Monção mais tarde admitiu que era pressionado pela Família Multran a vender a emissora por estar ligado ao prefeito recém-eleito Nagib Multran Neto, tendo resistido as ofertas da compra até o fim,[1] que provavelmente se Nagib Multran Neto não tivesse sido eleito em 1988, continuaria dono da emissora por mais anos.[1]
Após a compra da TV Tocantins, a Família Multran usa a emissora como instrumento em favor do prefeito, chegando a fazer ataques contra os adversários de Multran e fazer com que parte da população seja a favor do político.[1] Uns dos eventos mais conhecidos graças a manipulação foi em 1990, quando os vereadores da oposição investigaram contas irregulares na prefeitura para iniciar o processo de impeachment contra o então prefeito Nagib Multran Neto, mas não conseguiram o apoio popular, graças a manipulação do meio de comunicação que o prefeito tinha em seu favor.[1]
1992: Mudança de canal[editar]
Por volta de 1992, a TV Tocantins muda do Canal 7 para o Canal 10 (mesmo canal sintonizado na década de 1980 quando a emissora não era legalizada), em favor da recém-inaugurada TV Eldorado, afiliada ao SBT.
1993-2014: Programas[editar]
Nos anos seguintes, a TV Tocantins se consolida como umas das principais afiliadas no interior do Pará depois da TV RBA (afiliada à rede na capital Belém), que leva a pedir autorização do Ministério das Comunicações a aumentar potência, chegando um raio de 80 km e alcançando municípios e cidades vizinhas.[2]
Em 1999, de acordo com a Tela Viva, a emissora produz os jornalísticos "Acontece" (de segunda a sexta-feira das 13h10 às 13h45) e "Cidade Viva" (aos sábados das 8h30 às 9h30), o talk show "Quirino Filho" (exibido aos sábados das 10h30 às 11h30).[2] A programação também tem cunho religioso cristão evangélico: "Despertar da Fé", "A Prece Poderosa", "Cristo é a Resposta", "Água Viva" e "Jesus Verdade". Segundo Tela Viva, os programas religiosos alcançam altos índices de audiência na região,[2] sem no entanto mostrar os números da audiência.
2015: Extinção[editar]
Em 2015, a TV Tocantins sai do ar, deixando a RBA Marabá com afiliação da Rede Bandeirantes.
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 Antonia Costa Leita. História da Imprensa de Marabá Universidade Federal do Pará, 1992
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 «PARÁ». Tela Viva. Outubro de 1999. Consultado em 12 de fevereiro de 2024
- ↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 Delegado mata o investigador ao vivo na TV Jornal do Brasil, 27 de julho de 1987 (Página 1)
- ↑ 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 4,6 Delegado mata investigador em programa de TV ao vivo Jornal do Brasil, 27 de julho de 1987 (Página 7)
- ↑ 5,0 5,1 5,2 Juíza ouve ex-delegado de Marabá Jornal do Brasil, 25 de novembro de 1985
- ↑ 6,0 6,1 6,2 6,3 Lúcio Flávio Pinto (24 de novembro de 2017). «MORTE "AO VIVO" NA TV». Amazônia no Ar. Consultado em 4 de julho de 2021
- ↑ 7,0 7,1 7,2 7,3 Lúcio Flávio Pinto (7 de dezembro de 2017). «MORTE DIANTE DAS CÂMERAS». Amazônia no Ar. Consultado em 4 de julho de 2021
- ↑ 8,0 8,1 8,2 8,3 Lúcio Flávio Pinto (28 de junho de 2020). «ASSASSINATO NO AR». Amazônia no Ar. Consultado em 4 de julho de 2021
- ↑ No Brasil Gazeta do Povo, 30 de julho de 1985.
- ↑ 10,0 10,1 10,2 Cúmplice de delegado no crime da TV Tocantins é identificado no Pará Jornal do Brasil, 29 de julho de 1985 (Página 7).
- ↑ Crime leva Dentei a lacrar TV Jornal do Brasil, 2 de agosto de 1985
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Este artigo "TV Tocantins (Marabá)" é da wikipedia The list of its authors can be seen in its historical.
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