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Vetor Brasil

Fonte: EverybodyWiki Bios & Wiki

Vetor Brasil
Vetor Brasil
Fundação 2015
Categoria Organização da Sociedade Civil
Sede São Paulo
Abrangência Nacional
Página oficial https://vetorbrasil.org/

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O Vetor Brasil é uma organização da sociedade civil (OSC) suprapartidária que desenvolve iniciativas de atração, pré-seleção e desenvolvimento de profissionais para o setor público. Criada em 2015, trata-se de uma associação sem fins lucrativos financiada principalmente com doações realizadas por institutos empresariais e fundações filantrópicas [1], além de doações de pessoas físicas.

A OSC realiza projetos de desenvolvimento institucional na área de gestão de pessoas no setor público em parceria com governos estaduais e municipais[2]. Atualmente suas iniciativas estão organizadas em dois programas. São eles:

  • Trainee de Gestão Pública
  • Líderes de Gestão Pública

A decisão final sobre a escolha dos profissionais selecionados pelos programas do Vetor Brasil cabe aos gestores públicos dos governos parceiros da organização, responsáveis pela contratação destes profissionais. O Vetor Brasil não substitui as autoridades públicas na tomada de decisão sobre a composição de equipes no governo, mas oferece insumos para que as contratações sejam feitas com base em evidências por meio de uma pré-seleção profissional com base em competências [3].

A proposta de valor dos programas Trainee e Líderes de Gestão Pública não se esgota na execução de processos seletivos abertos e competitivos. Os participantes de ambos participam de atividades estruturadas de desenvolvimento, como sessões de coaching, mentoria, acompanhamento, formação técnica e interpessoal. Além disso, tais profissionais passam a fazer parte de uma rede de profissionais públicos que promove o engajamento e a troca de conhecimento.

O programa Trainee de Gestão Pública é inspirado em inúmeras iniciativas de seleção e desenvolvimento de profissionais públicos em início de carreira em diferentes países do mundo, como os programas Lead for America, Govern for America, en:Teach for America, nos Estados Unidos, e os programas Think Ahead, Police Now, Unlocked Graduates, Frontline e Fast Stream, no Reino Unido. Tais iniciativas são apontadas pela literatura especializada como Entry-Level Civil Service Leadership Development Programs [4].

O programa Líderes de Gestão Pública, por sua vez, é inspirado em iniciativas de seleção profissional para funções de liderança no setor público, como é o caso do Sistema de Alta Direção Pública (es:Alta Dirección Pública en Chile), implementado em 2003 pelo governo do Chile. [5]

O Programa Trainee de Gestão Pública[editar]

Criado em 2015, o objetivo do programa Trainee de Gestão Pública é formar uma rede de profissionais públicos de alto desempenho. Trata-se de um programa intensivo de desenvolvimento de lideranças aberto à participação de recém-graduados de todas as idades e áreas de formação com interesse em atuar profissionalmente no setor público.

O Programa realiza processos seletivos semestrais, avaliando os candidatos com base em uma matriz de competências que define as qualidades esperadas de um jovem profissional público de alto desempenho. Por exemplo, o trainee deve ser capaz de desenvolver um entendimento amplo das missões, tarefas e responsabilidades do setor público, além de valorizar o aprendizado por feedback e a gestão orientada por indicadores e resultados.

A Matriz de Competências do Programa Trainee de Gestão Pública é a base para a construção de estratégias de atração, seleção, desenvolvimento e formação de rede dos trainees. Trata-se de um instrumento flexível, aperfeiçoado a cada edição do Programa, à medida que as necessidades das administrações públicas e dos próprios trainees se tornam mais evidentes para o Vetor Brasil.

Trecho da Matriz de Competências do Programa Trainee de Gestão Pública

Competência Descrição
Necessidade de Realização Estabelece altos padrões de execução para si e para sua equipe. Busca seus objetivos de forma colaborativa.
Resiliência e Estabilidade Emocional Demonstra maturidade com seus erros e fracassos, apresentando equilíbrio das emoções. Busca ativamente fechar os ciclos e deixar seu legado.
Sociabilidade e Foco em Pessoas Mostra postura empática e capacidade de se colocar no lugar do outro.
Capacidade Analítica Demonstra capacidade analítica, tanto quantitativa quanto qualitativa. Capacidade de visão sistêmica.

Fonte: Vetor Brasil

Atração e Recrutamento[editar]

Considerando os desafios de recrutamento no setor público brasileiro [6], inspirar novas ideias sobre a atuação profissional no governo requer criatividade e capacidade de comunicar de forma acessível e próxima a realidade do trabalho no Estado, gerando identificação entre os potenciais candidatos. O Programa Trainee desenvolve, então, de uma estratégia de investimento contínuo na marca empregadora do governo, com o objetivo de manter um fluxo constante e qualificado de candidatos no médio e longo prazo.

Essa estratégia se desdobra em duas atividades principais. A primeira delas é a comunicação multiplataforma – via redes sociais (em redes como Twitter, Facebook, Linkedin e Instagram, por exemplo), mecanismos de busca e inserção em veículos de imprensa especializados – com base em análise de dados, concentrando recursos em características preditivas de candidatos com maior potencial de seleção, como envolvimento em atividades de impacto social. A segunda se refere à participação presencial em eventos de engajamento e mobilização de futuros candidatos – estabelecendo parcerias com instituições de ensino superior, entidades estudantis, movimentos sociais, coletivos, grupos de jovens, entre outros.

Seleção[editar]

Para garantir que o programa seja aberto e acessível, todas as etapas do processo seletivo são realizadas em plataforma [7] ‘’online’’, prezando pela participação de candidatos independentemente de sua localização geográfica. Cada uma das etapas está associada a um instrumento de avaliação específico, adotado em razão do conjunto de competências avaliadas nos diferentes casos.

Aplicando metodologia própria de monitoramento e gestão, o Vetor Brasil contrata e forma uma equipe temporária de avaliadores para entrevistar os milhares de candidatos que se inscrevem no processo seletivo. Os avaliadores são treinados para identificar e classificar adequadamente os comportamentos dos candidatos, avaliando-os de acordo com uma escala com descritores pré-concebidos que deve ser aplicada de forma consistente.

O processo seletivo é dividido em seis etapas. A primeira delas é a inscrição propriamente dita, ou seja, o preenchimento de um formulário sem caráter avaliativo no qual os candidatos registram informações de identificação pessoal (raça, perfil socioeconômico etc.) e confirmam atender os requisitos obrigatórios para a participação no Programa, tais como já ter se graduado ou com previsão de conclusão da graduação próxima. Na segunda etapa, são aplicadas questões de múltipla-escolha: testes de raciocínio lógico (capacidade analítica), de língua portuguesa (conhecimentos de ortografia, concordância e interpretação de texto) e de atualidades (abordando temas nacionais e internacionais).

Na terceira etapa, os candidatos são convocados a enviar vídeos de até 90 segundos destacando suas experiências, trajetória profissional e motivações para atuar na gestão pública. Na etapa seguinte realiza-se o Desafio de Gestão Pública, uma dinâmica de grupo que simula a tomada de decisão em equipe, dramatizando situações comuns do cotidiano de trabalho dos profissionais públicos. O objetivo é avaliar a capacidade dos candidatos de se comunicar com seus pares, realizar análises de custo-benefício, elaborar propostas criativas e planejar cenários para a tomada de decisão.

Na quinta etapa, realiza-se uma entrevista por mapeamento de competências, a fim de fazer uma análise integrada do perfil do candidato e verificar a consistência de informações e avaliações levantadas em fases anteriores do processo seletivo. A sexta e última etapa consiste em uma entrevista com os candidatos realizada diretamente pelos gestores públicos dos estados e municípios parceiros do Programa. Tem por objetivo garantir o alinhamento entre as competências dos futuros Trainees de Gestão Pública e as demandas específicas dos governos que vão contratá-los.

Resumo das Fases do Processo Seletivo do Programa Trainee de Gestão Pública 2018

Etapa do processo seletivo Instrumento de avaliação adotado Exemplo de Competências avaliadas
Inscrição Formulário de cadastro Não possui caráter avaliativo

Trata-se da triagem de requisitos obrigatórios e da coleta de dados

Testes Testes de múltipla escolha Avalia conhecimentos sobre atualidades, língua portuguesa e capacidade analítica
Vídeo Entrevista assíncrona semiestruturada Avalia competências da matriz, dentre elas, comunicação
Desafio de Gestão Pública Dinâmica de grupo (work sample exercise) Avalia competências da matriz, dentre elas, tomada de decisão
Entrevista por Competência Avaliação integrada de competências Avalia competências da matriz, dentre elas, resiliência
Entrevista com Governo Avaliação integrada de competências Avalia alinhamento com a cultura de trabalho do governo contratador

Fonte: Vetor Brasil

Desenvolvimento[editar]

As competências relevantes para o Programa Trainee de Gestão Pública avaliadas durante o processo seletivo são justamente aquelas que podem ser potencializadas no curto prazo por meio da combinação de módulos de formação continuada e experiências profissionais. Alguns exemplos são conhecimentos técnicos sobre administração pública, como direito administrativo, processos orçamentários e metodologias de planejamento e avaliação de políticas públicas.

O Programa de Desenvolvimento possui forte orientação prática, combinando atividades presenciais, online e de aprendizado em serviço, para acelerar o processo de formação dos participantes. A fórmula do programa de desenvolvimento dos trainees, assim como o processo de seleção, é atualizada a cada edição, e seus principais elementos são:

Elementos do Programa de Desenvolvimento do Trainee de Gestão Pública

Formações presenciais Formações online Atividades híbridas
Atividades com orientação prática e ênfase na formação de rede Inclui exercícios de aplicação de conhecimentos em situações reais e atividades de fortalecimento da cultura organizacional (comunicação não-violenta e ética, por exemplo) Formação nos principais tópicos de gestão pública, incluindo atividades e conversas guiadas em temas de administração e políticas públicas, como direito administrativo, finanças públicas, educação, saúde, segurança pública, entre outros Ferramentas de orientação e autoconhecimento como mentoria e coaching, apoiando os processos de autoavaliação pessoal e profissional

Fonte: Vetor Brasil

A formação de rede é uma das principais ferramentas do programa de desenvolvimento do Vetor, pois é a partir dela que os trainees criam laços e geram um capital social que vai acompanhá-los pelo resto de suas carreiras. O simples fato de ter acesso a outros profissionais que passaram ou passam por desafios parecidos já é estimulante e motivador. Além disso, eles usam os contatos para trocas pontuais e buscas por referências e também organizam encontros para bate-papos e grupos de estudo, em interações totalmente autogeridas.

Um exemplo da força dessa rede foi a realização de um encontro nacional de Trainees de Gestão Pública, organizado de forma proativa por membros da rede do Vetor como atividade de formação complementar ao Programa de Desenvolvimento oferecido oficialmente pela organização. O encontro reuniu trainees e palestrantes convidados em São Luís, capital do Maranhão, entre os dias 20 de maio e 23 de junho de 2019 [8].

Gestão da Diversidade[editar]

Um dos valores do Vetor Brasil é a promoção da diversidade em todas as suas ações, com base na crença que a administração pública deve ser formada por um grupo diverso para formular políticas coerentes com os desafios sociais do Brasil[9]. As referências são muitas e parte delas vêm de estudos sobre as capacidades cognitivas de equipes. Pesquisas recentes revelam que a ‘inteligência’ de um grupo não é definida pelo conhecimento de seus membros, mas pela variedade das capacidades cognitivas de cada um (Aggarwal et al, 2015) [10]. Esse é um “insight” relevante para os debates sobre diversidade dentro e fora do governo, pois mostra que uma equipe de excelência não é necessariamente resultado da soma de profissionais com o quociente de inteligência elevado, mas da combinação de diferentes identidades, habilidades e perspectivas, essas sim essenciais para a performance e a criatividade.

São inúmeros os estudos que apontam forte correlação entre a valorização da diversidade e a maximização do desempenho nas organizações. Um deles, realizado pela consultoria McKinsey (Hunt, Yee, Prince & Dixon-Fyle, 2018) [11], revela que empresas com equipes executivas diversas têm 33% mais chances de superar a lucratividade de suas concorrentes. No setor público não é diferente. Pesquisas apontam que a diversidade da força de trabalho do governo pode produzir ganhos de eficiência e efetividade, melhorando a qualidade dos serviços públicos (OCDE, 2009)[12].

A fundamentação teórica mais importante para o Programa de Diversidade do Vetor é a teoria da burocracia representativa (Bradbury & Kellough, 2008)[13]: a defesa de que a simples existência de diversidade nos quadros de profissionais públicos acarreta a adoção de políticas representativas do interesse de todos os grupos ali representados. Considerando que a igualdade não se alcança apenas com discursos anti-discriminação, mas com práticas efetivas de fomento à diversidade, o Programa de Diversidade envolve múltiplas ações, como formação e educação sobre privilégios para participantes dos programas do Vetor e avaliadores dos processos de seleção, ações específicas de neutralização de vieses nas práticas de atração e avaliação de candidatos, fomento a iniciativas de apoio e acolhimento de representantes de grupos minoritários, entre outras.

Em matéria de formação e educação em diversidade, os trainees participam de módulos presenciais e “online” sobre diálogo e empatia, liderança feminina, relações raciais, identidade de gênero e orientação sexual, pobreza e desigualdades no Brasil. O foco dessas atividades é tornar os trainees sujeitos ativos no combate às desigualdades e discriminações, para que sejam aptos a intervir em situações de discriminação no ambiente de trabalho e também possam propor ações estruturantes de combate à desigualdade nas políticas dos governos em que estão alocados.

Quanto à neutralização de vieses de atração e seleção, as ações vão além da sensibilização e formação de avaliadores: o Vetor também avalia o impacto em diversidade das ferramentas que adota em cada etapa do processo seletivo. São realizados estudos frequentes para identificar se determinadas estratégias avaliativas ou de comunicação reforçam padrões de discriminação, levando ao aperfeiçoamento constante desses instrumentos.

Um exemplo dos efeitos dessa avaliação foram ajustes aplicados em provas de múltipla escolha nas primeiras fases dos processos seletivos do Programa. Identificou-se um padrão de desempenho insatisfatório nas questões de lógica espacial entre as candidatas do sexo feminino – incluindo as graduadas em cursos de ciências exatas. Uma investigação foi iniciada e evidências científicas apontaram que uma das causas desse padrão está na diferença de estímulos na infância (Corbett & Hill, 2015)[14]. Ao contrário do que ocorre com os meninos, os brinquedos oferecidos às meninas raramente contribuem para desenvolver a sua percepção espacial, para citar um exemplo.

Considerando a lógica espacial uma habilidade secundária para o exercício das funções típicas de um trainee de gestão pública, o Vetor decidiu reformular os testes, substituindo essas questões por outras, também de lógica, relacionadas ao dia a dia da administração pública. Os resultados foram encorajadores: entre o primeiro processo seletivo, realizado em 2015, e a seleção mais recente, finalizada no primeiro semestre de 2018, a proporção de mulheres aprovadas no Programa saltou de 17% para 54% dos candidatos selecionados. Ou seja, em três anos o percentual de mulheres aprovadas aumentou mais de três vezes.

Os insumos gerados pelos estudos de avaliação de impacto em diversidade mostraram, porém, que ajustes técnicos não seriam suficientes para neutralizar todos os padrões discriminatórios de alta intensidade nos programas do Vetor. Por isso, a organização decidiu adotar uma política de ação afirmativa, visando à equidade racial e diversidade social em seus processos seletivos - contribuindo assim para aumentar a diversidade da força de trabalho do setor público brasileiro.

A performance média de candidatos autodeclarados pretos e pardos, por exemplo, é inferior aos demais grupos raciais, especialmente em uma das primeiras etapas do processo seletivo: os testes de múltipla escolha, que avaliam conhecimentos formais de lógica, atualidades e língua portuguesa. Trata-se do instrumento avaliativo menos apto a identificar competências de todo o processo seletivo, contribuindo, porém, para identificar padrões mínimos de domínio sobre conhecimentos formais relevantes. Nesse caso, observa-se uma forte correlação entre esses resultados e os dados socioeconômicos coletados no momento da inscrição, já que os candidatos negros são aqueles que têm menos acesso a oportunidades educacionais no Brasil.

Identificado tal cenário, optou-se pela adoção de uma ação afirmativa desde o primeiro semestre de 2018. Os testes de múltipla escolha apresentam agora uma nota de corte diferente para cada grupo racial. Elas são adaptadas com o objetivo de manter entre os aprovados nos testes a mesma proporção racial de inscritos no processo (Vetor Brasil, 2018)[15]. Após a adoção dessa medida, a proporção de negros e indígenas nas turmas do Programa Trainee de fato saltou de aproximadamente 25% para 35% entre 2017 e 2018. Observou-se ainda que o maior índice de aprovação de pessoas negras se manteve estável nas demais etapas do processo seletivo, que por ora dispensam ações afirmativas.

Considerando ainda a importância da diversidade socioeconômica em uma sociedade tão desigual como a brasileira, o Vetor adotou uma estratégia para identificar e reconhecer a trajetória dos candidatos, a fim de neutralizar um possível viés dos avaliadores em favor dos candidatos de alto poder aquisitivo por terem tido acesso a melhores oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. Foi criado, então, um conceito de calibragem do processo seletivo chamado delta, calculado a partir de informações socioeconômicas coletadas com os candidatos, como renda familiar, vulnerabilidade social, pertencimento a grupos minoritários, entre outras.

O delta indica a diferença entre ponto de partida e ponto de chegada na trajetória dos candidatos do Programa Trainee de Gestão Pública. Pessoas que apresentam delta ao longo de suas trajetórias saíram de um contexto com poucas oportunidades e recursos e, mesmo assim, conseguiram alcançar certo grau de reconhecimento e desenvolvimento profissional. O delta é um indicador muito relevante para o Vetor, na medida em que identifica características como resiliência e capacidade de aprendizado, que são essenciais entre os profissionais públicos.

É importante destacar que, mesmo com esses esforços, cerca de 70% dos Trainees de Gestão Pública teve uma renda bruta familiar mensal superior a 7 salários mínimos durante a maior parte da vida – e menos de um quarto deles viveu em regiões periféricas das cidades brasileiras por um período representativo (Vetor Brasil, 2018)[16]. A título de comparação, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (2018), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), brasileiros com renda mensal superior a R$ 5.214 já se encontram entre os 10% mais ricos do país. Para mudar esse cenário, o Vetor planeja implementar novas ações, como a revisão e melhoria do cálculo do delta – tornando-o sensível a mais dimensões da vulnerabilidade socioeconômica como medidas de capital social –, um aumento do investimento em atividades de atração em universidades populares e nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e a ampliação da oferta de mecanismos de apoio financeiro aos trainees delta.

A ênfase do Vetor em valores de diversidade, promovendo espaços de formação e discussão sobre desigualdades e privilégios, acabou por catalisar o surgimento de coletivos informais e auto-organizados de trainees, criados para gerir atividades específicas de reflexão em diversidade. Hoje, a rede conta com grupos de igualdade de gênero, igualdade racial e integração e empoderamento de pessoas LGBT+. Esses coletivos atuam de forma independente da instituição Vetor Brasil, sendo geridos pelos próprios Trainees de Gestão Pública e alumni. Os coletivos desempenham um papel fundamental na atração e acolhimento de candidatos e trainees que pertencem a grupos minoritários, contribuindo para a construção de uma rede ainda mais diversa e orgulhosa de sua identidade.

Resultados[editar]

Quem está por trás da operacionalização dessa experiência é uma equipe de profissionais que conta com consultoria técnica voluntária de especialistas, acadêmicos, políticos e profissionais experientes de diferentes setores. O funcionamento do Vetor é análogo ao de uma startup: a orientação principal é criar hipóteses, testar e errar rápido, usando dados e tecnologia para alcançar aumento de produtividade. Tal exposição ao risco foi possível graças ao apoio financeiro recebido de grandes fundações e organizações nacionais e internacionais, como o Google.org e a Universidade de Stanford[17].

A organização tem crescido de forma robusta, com atuação em todos os 27 estados brasileiros. Até o momento, foram mais de 60 órgãos públicos atendidos, de 41 governos municipais e estaduais. Os governos parceiros são liderados por partidos de orientações ideológicas diversas e representativas do pensamento político brasileiro – incluindo PSDB, PCdoB, PT, PSD, PV, PSB, PMDB, DEM e PDT, entre outros. Os processos seletivos já contaram com mais de 60.000 candidatos inscritos, resultando em mais de 350 profissionais alocados em órgãos públicos.

Com esses resultados, o Vetor conquistou uma série de reconhecimentos e vem se tornando referência em gestão de pessoas no setor público. Sua diretora executiva foi convidada a fazer parte de órgãos consultivos como o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República [18] e tornou-se vencedora do Prêmio Veja-se em 2018 na categoria Políticas Públicas [19]. Além do mais, a organização foi eleita vencedora do Desafio de Impacto Social – uma premiação organizada pelo Google.org no Brasil em 2016[20], e foi convidada pelo Governo do Estado de São Paulo para contribuir para o Programa Estadual de Combate ao Assédio no Serviço Público[21].

O Programa Líderes de Gestão Pública[editar]

O Programa Líderes de Gestão Pública foi criado pelo Vetor Brasil para atender a demanda dos governos parceiros por apoio na escolha de profissionais públicos para funções de liderança. Deste modo, criou-se um novo programa para atrair, pré-selecionar e desenvolver profissionais com ampla experiência e perfil de liderança. São pessoas com experiência em gestão de equipes e atuação profissional em qualquer setor, recrutadas de forma customizada para ocuparem posições na alta administração de estados e municípios. Além dessa busca focada e ativa, em que o Vetor Brasil assume o papel de headhunter para o governo, a atração pode também envolver a ampla divulgação em veículos de imprensa e em redes sociais. Conheça a seguir algumas das experiências de maior destaque associadas ao programa:

Pré-seleção da secretária de educação do município de Londrina (PR)[editar]

Por convite do prefeito eleito de Londrina [22], Marcelo Belinati, em 2016 o Vetor Brasil operacionalizou um processo profissional e aberto para pré-seleção do Secretário de Educação do município[23]. O Processo Seletivo foi executado dentro do âmbito do Programa Líderes de Gestão Pública e contou com 129 inscrições e seis etapas de avaliação, entre as quais uma etapa de sabatina com a comunidade escolar da cidade e a realização de entrevista com uma Banca Avaliadora composta por profissionais reconhecidos por suas contribuições para a melhoria da educação brasileira[24]. A imprensa [25] e a opinião pública [26] local receberam a iniciativa com entusiasmo. Ao final, uma das candidatas recomendadas pelo Vetor Brasil, a professora e advogada Maria Tereza Paschoal de Moraes, foi escolhida pelo prefeito e tornou-se secretária municipal [27].

Colaboração com a Aliança[editar]

Por iniciativa do Instituto Humanize, da Fundação Brava, da Fundação Lemann e do Instituto República, em 2018 nasceu a Aliança[28][29], uma parceria entre organizações do terceiro setor criada com o objetivo promover e articular investimentos sociais direcionados à melhoria da gestão de pessoas no setor público.

Desde então a Aliança vem colaborando com diversas organizações para fomentar a inovação em gestão de recursos humanos em diferentes níveis de governo. As atividades apoiadas pelo grupo incluem a implementação de novos modelos de gestão de lideranças em estados e municípios, a produção de conhecimento sobre gestão de pessoas e a mobilização política em torno do tema, visando a construção de consensos.

Em 2019 o Vetor Brasil se tornou parceiro e fornecedor da Aliança, oferecendo aporte metodológico para a realização de iniciativas de atração e pré-seleção de profissionais públicos nos estados de São Paulo [30][31][32][33][34][35][36], Minas Gerais [37][38][39][40][41] e Rio Grande do Sul[42][43][44][45][46][47]. São projetos liderados pelos governos em parceria com a Aliança, com apoio especializado do Vetor Brasil.

O Vetor Brasil, no entanto, não é a única organização parceira da Aliança - que conta com o apoio de diferentes fornecedores para realizar projetos em parceria com os governos, como nos casos do Ceará[48] Pernambuco[49][50], Pará[51], Sergipe[52] e Paraná[53], por exemplo.

Referências

  1. Vetor Brasil, “Relatório de Auditoria de 2017”, Página de transparência do Vetor Brasil, 02 de julho de 2019
  2. Rodrigo Borges Delfim, Com ajuda de ONG, governos aderem a seleção profissional para preencher cargos, Folha de São Paulo, 2 de julho de 2019
  3. Luciano Pádua, No setor público, sem concurso ou indicação política, Jota, 2 de julho de 2019
  4. Roseth, Benjamin; Dahal, Sudyumna, Entry-Level Civil Service Leadership Development Programs : Survey of Selected International Experience, Notes: World Bank, 2 de julho de 2019
  5. Thiago Miquel Lamelo, Processo seletivo público para escolha de secretário municipal: análise da experiência da cidade de Londrina, PR, RACE - Revista de Administração, Contabilidade e Economia, 2 de julho de 2019
  6. Fernando de Castro Fontainha, A ideologia Concurseira. Quando falta mérito a meritocracia., Revista Insight Inteligência, 2 de julho de 2019
  7. InovaBra Habitat Startup seleciona os melhores profissionais para a gestão pública, O Globo Online, 2 de julho de 2019
  8. Governo do Estado do Maranhão, Flávio Dino ministra palestra em encontro nacional de trainees realizado em São Luís, Portal do Governo do Maranhão, 2 de julho de 2019
  9. Vetor Brasil, Um programa de diversidade que vai além do discurso, Medium, 2 de julho de 2019
  10. AGGARWAL, I., Cognitive diversity, collective intelligence, and learning in teams, Proceedings of Collective Intelligence, 2 de julho de 2019
  11. HUNT, V., YEE, L., PRINCE, S. & DIXON-FYLE, S., A diversidade como alavanca de performance, McKinsey & Company, 2 de julho de 2019
  12. OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Fostering Diversity in the Public Service, OECD Publishing, 2 de julho de 2019
  13. BRADBURY, M. & KELLOUGH, J. E., Representative bureaucracy: Exploring the potential for active representation in local government, Oxford University Press, 2 de julho de 2019
  14. CORBETT, C. & HILL, C., Solving the Equation: The Variables for Women's Success in Engineering and Computing, American Association of University Women, 2 de julho de 2019
  15. Vetor Brasil, Relatório do Programa de Diversidade do Vetor Brasil, Vetor Brasil, 2 de julho de 2019
  16. Vetor Brasil, Relatório do Programa de Diversidade do Vetor Brasil, Vetor Brasil, 2 de julho de 2019
  17. Lily B. Clausen, WrittenHow to Make Government Work More Attractive: Vetor Brasil matches leaders with opportunities in the public sector., Insights by Stanford Business, 2 de julho de 2019
  18. Estadão Conteúdo, Temer designa duas empresárias para compor ‘Conselhão’, Revista IstoÉ Online, 2 de julho de 2019
  19. Revista Veja, Prêmio Veja-se de Políticas Públicas consagra Joice Toyota, Revista Veja Online, 2 de julho de 2019
  20. Google.org, Desafio de impacto social 2016: Conheça os 5 vencedores e suas ideias que vão mudar o Brasil, Google Impact Challenge Brazil 2016, 2 de julho de 2019
  21. Governo do Estado de São Paulo, No Dia da Mulher, SP lança campanha contra assédio no trabalho, Portal do Governo de São Paulo, 2 de julho de 2019
  22. Vetor Brasil, Memorando de entendimentos com o prefeito eleito Marcelo Belinati, Vetor Brasil, 2 de julho de 2019
  23. Vetor Brasil, Processo de pré-seleção para Secretário de Educação de Londrina, Vetor Brasil, 2 de julho de 2019
  24. Thiago Miquel Lamelo, Processo seletivo público para escolha de secretário municipal: análise da experiência da cidade de Londrina, PR, RACE - Revista de Administração, Contabilidade e Economia, 2 de julho de 2019
  25. Luciane Cordeiro, Secretário de Educação de Londrina será definido por processo seletivo, G1 Norte e Nordeste RPC, 2 de julho de 2019
  26. Valéria Bretas, Esta cidade terá concurso para eleger secretário da Educação, Revista Exame, 2 de julho de 2019
  27. Aline Pavaneli, ONG conclui seleção de candidatos a secretário de Educação de Londrina, G1 Paraná, 2 de julho de 2019
  28. Correio Braziliense, Por uma gestão de pessoas para pessoas, Denis Mizne, Eloy Machado, Georgia Pessoa e Leticia Piccolotto, 17 de dezembro de 2018
  29. GIFE, GIFE lança Rede Temática de Gestão de Pessoas do Setor Público, 09 de junho de 2019
  30. Projeto Líderes Públicos, [1]
  31. Folha de São Paulo, Governo de SP fará 'entrevista de emprego' com dirigentes de escola, Angela Pinho, 28 de março de 2019
  32. Folha de São Paulo, Educação de resultados, Editorial, 03 de abril de 2019
  33. Jornal Agora São Paulo, Hora de avaliar os chefes do ensino, 03 de abril de 2019
  34. Folha de São Paulo, Governo de SP exonera 26 dirigentes de ensino após 'entrevista de emprego', Thaiza Pauluze, 04 de junho de 2019
  35. Folha de São Paulo, Que seja pelo aluno, Editorial, 07 de junho de 2019
  36. Destak São Paulo, Doria vai fazer entrevista de emprego com dirigentes de escolas do Estado, 29 de março de 2019
  37. Programa Transforma Minas, [2]
  38. Revista Veja, Governo de Minas abre seleção para preencher 565 cargos no estado, Guilherme Venaglia, 9 de março de 2019
  39. Jornal O Tempo, O bom exemplo de Zema, Ricardo Correa, 01 de junho de 2019
  40. Jornal Hoje em Dia, Portal Transforma Minas recebe mais de 80 mil acessos em seu primeiro dia de funcionamento, 13 de março de 2019
  41. Jornal Hoje em Dia, Seleção de gestores em Minas será um legado da gestão Zema, diz secretário Otto Levy, Rosiane Cunha, 13 de março de 2019
  42. Programa Qualifica RS, [3]
  43. GaúchaZH Política, Governo do RS fará seleção para cargos de liderança nas secretarias de Educação e Planejamento, Juliana Bublitz, 25 de fevereiro de 2019
  44. GaúchaZH Política, Governo abre seleção online para cargos públicos, Eduardo Matos, 9 de abril de 2019
  45. Portal GAZ, Estado inicia seleção para coordenadores regionais, Cristiano Silva, 9 de abril de 2019
  46. Jornal do Comércio, Eduardo Leite assina parceria com o terceiro setor, Adriana Lampert, 26 de fevereiro de 2019
  47. Portal G1 RS, Governo do RS fará seleção em parceria com fundações para escolher coordenadores regionais de Educação, 26 de fevereiro de 2019
  48. Governo do Estado do Ceará, Governo do Ceará realiza novo modelo de seleção pública em parceria com instituições filantrópicas, Fhilipe Augusto, 21 de maio de 2019
  49. Folha de Pernambuco, Governo de Pernambuco e Fundação Lemann firmam parceria, Jairo Lima, 30 de julho de 2019
  50. Diário de Pernambuco, Governo do Estado firma acordo com Fundação Lemann para aprimorar gestão, 30 de julho de 2019
  51. Agência Pará, Governo fecha parceria para melhorar a gestão da rede estadual de ensino, 27 de maio de 2019
  52. Governo do Estado de Sergipe, Processo Seletivo para diretores regionais profissionaliza gestão da Educação pública em Sergipe, Lucas Silva, 4 de junho de 2019
  53. Governo do Estado do Paraná, Credenciamento dos chefes de núcleo regional da educaçãp


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